Luta pelo Mercado Varejista de Óptica

Desde a edição da Lei 24.492 em 1.934 pelo Governo Getúlio Vargas, o mercado óptico vem procurando seu caminho, pois junto com a regulamentação do varejo óptico veio a proibição da optometria no pais, fato este que criou a cultura da dependência comercial das casas de óptica com clínicas e profissionais da oftalmologia. A jovem Associação dos Ópticos e Optometristas do Estado de São Paulo, que havia acabado de publicar o 2° número de sua revista, fechou suas portas.

A partir da década de 40, acontecimentos isolados, mas encabeçados por idealistas do segmento óptico (muitas vezes anônimos) começaram a marcar alguns pontos a favor deste mercado, como por exemplo o Decreto Lei 8.829/46 que regulamenta a venda de óculos de sol.

Fundação do Sindióptica-SP

Em 1.957 é fundado o Sindióptica-SP através de abnegados como Srs. Isaac Varger, Tomaz Farkas, João Valades, Alberto Arroyo entre tantos outros. Teve inicio uma fase de lutas, sucessos e também algumas desilusões. O combate ao comércio ilegal de óculos, por ambulantes, e estabelecimentos não autorizados, que apesar das leis especificas sobre este produto da saúde visual e do incansável batalhar não encontrou resposta das autoridades, o que propiciou esse descalabro que hoje se encontra em todo nosso estado.

Em 1.958 é editada a Portaria Federal n° 86 que cria o “Óptico Prático” e o “Óptico Prático em Lentes de Contato”, que veio regularizar esse profissional de importância fundamental para o processo da perfeita correção da visão.

Em 1.965 graças a incansável atuação de nosso Sindióptica cria-se no Brasil o 1° Curso Técnico Regular de Óptica pela Escola do Senac de São Paulo com diploma reconhecido em todo território nacional, o curso começa a funcionar provisoriamente no SESC da Rua Dr Vila Nova, mas graças à ótima aceitação rapidamente muda-se para a unidade da Rua Tiradentes, o laboratório de surfaçagem e montagem da escola, assim como as lentes, blocos e insumos para funcionamento dos laboratórios, foram todos doados pela diretoria do Sindióptica-SP e seus associados.

A década de 70 foi marcada por vários acontecimentos, como: Difusão do ensino profissionalizante (Profissional Técnico Óptico), Dificuldade das importações em função da crise do petróleo que gerou aumento excessivo dos custos. Criação de lentes de contato gelatinosas, facilitando o processo de adaptação, despertando interesse de oftalmologistas.

A década de 80 foi marcada pela inclusão das disciplinas de contatologia e optometria no currículo do Técnico Óptico (Parecer 404/84 do Ministério da Educação) fato este que teve importante atuação do Sindióptica-SP.

A década de 90 começa a trazer uma nova maneira de trabalhar do Sindióoptica-SP, pois o mercado está mudando em suas tecnologias e formas de gestão. Há uma mudança substancial na tecnologia de produção das lentes de contato e as lentes descartáveis começam a ganhar destaque. Incentivo à optometria por ações de entidades de classe profissionais. Migração das empresas familiares para gestão por fundo de investimentos. Fortalecimento das grandes redes. Criação dos laboratórios centrais. Enfraquecimento das pequenas empresas.

Sindióptica-SP começa a focar nas questões empresariais do varejo.

Enfim começamos os anos 2.000 e vejam só o que aconteceu:

  • Construção e validação da Classificação Brasileira de Ocupações – CBO pelo Ministério do Trabalho e Emprego
  • Municipalização da saúde
  • Comercio informal cresce assustadoramente
  • Globalização

Maior união dos Sindiópticas em nível nacional com a criação da CBÓPTICA CNC

  • Normas técnicas ABNT para o setor óptico
  • Ampla oferta de cursos técnicos de óptica.

Enfim a velocidade em que caminha o mundo é muito grande, as multinacionais chegaram no Brasil e chegaram comprando verdadeiros ícones do varejo de óptica brasileiro, as associações e cooperativas já são uma realidade com diversas já operando no mercado, as franquias de óptica já tem marcas gigantes com mais de 200 lojas no Estado, fabricantes e distribuidores estão verticalizando suas operações no varejo óptico, o comércio eletrônico também avança de modo preocupante. Capitulo a parte para a carga tributária e sua progressividade.

Por outro lado a tecnologia nos brinda com uma evolução das telecomunicações antes só imaginada nos filmes de ficção, hoje graças a ela podemos planejar e executar a educação/capacitação à distância, pois em função das novas tecnologias, treinamento é a palavra de ordem, a automação para as pequenas e micro empresas já é uma realidade.

Enfim, no novo cenário óptico nacional, temos novos/velhos fatores que direta ou indiretamente estão influenciando em nosso mercado, por ex.

Envelhecimento da população, isso faz com que a base de usuários de óculos aumente proporcionalmente a esse envelhecimento, fatores ambientais que afetam a camada de ozônio contribuem para que a radiação UV criem problemas para saúde visual.

Enfim, este é o mundo em que vivemos, ele anda cada vez mais rápido, a evolução tecnológica, cultural, moral, social é cada vez mais intensa, e o papel do Sindióptica-SP como aglutinador de parcela da sociedade responsável pela saúde visual de nosso povo, que também tem sob sua responsabilidade ser geradora de riquezas e promover cada vez mais o sagrado dever de continuar empregando pessoas para o desenvolvimento harmonioso do ser humano.

São 50 anos de luta, que pretendemos se estendam por outros 50 com a mesma pujança que tanto marcou os primeiros.

Acreditamos que seja possível deixarmos este mercado um pouco melhor do que o encontramos, se isto for possível achamos que o projeto já valeu a pena.

Não podemos responder pelo passado, mas podemos ser culpados pelo futuro fixados na omissão pelo presente.*

* Marco Antônio P. Alves